Playlista da 12ª edição do Metal !s 4ever:
Tarantula- Face the Mirror
Black Sabath- Sweet Leaf
Judas Priest- Breaking the Law
Rammstein-Reise, Reise
Kid Rock- Bawatiba
Deathstars-Genocide
Black Bomb A- Human bomb
Murderdolls-197666
Sirenia- The other side
Megadeth- Sweating Bullets
Rata Blanca- Angel
As I Lay Dying-Nothing Left
Na último post estivemos a falar de como o heavy metal chegou a Portugal e um pouco da sua evolução. E como não demos o assunto como terminado . Vamos dar continuação ao tópico 2ª parte da evolução do heavy metal em Portugal.
Com a chegada da década de 90, vamos assistir ao aparecimento da segunda geração do metal português, alterando significativamente o panorama nativo neste campo musical.
As maquetas e as fanzines tornam-se mais profissionais, os programas de rádio continuam a ser emitidos um pouco por todo o território, aparece o Hypertensão de António Freitas na nova Antena 3, as televisões nacionais começam a passar alguns videoclips de bandas de Metal (ainda que esporadicamente), começam a realizar-se mais espectáculos (alguns deles de grande envergadura: Metallica, Guns 'N Roses, ...), surge um novo boom de bandas nacionais e assiste-se à internacionalização do Metal nacional.
No norte do país aparecem a Rec n' Roll Scholl, escola de música dos Tarântula responsável pela formação de muitos músicos que por consequência iria levar ao aparecimento de várias bandas. Um pouco mais tarde aparece os estúdios Rec n' Roll, local onde muitas bandas gravaram as suas maquetas ou álbuns de estreia. Esta escola e este estúdio foi criado com a intenção de permitir aos Tarântula viver da música, ao mesmo tempo que contribuiu decisivamente para o aparecimento de um forte movimento no Norte do país em especial à volta do Porto com bandas que fizeram história como os W.C. Noise, Dove, Genocide, The Fire, Gangrena, Disgorged entre outras.
Continuando a evolução do heavy metal os Sacred Sin tornam-se a primeira banda portuguesa a passar na MTV, no programa Headbanger's Ball, fruto do seu álbum "DarkSide". Numa vertente algo diferente, o açoriano Nuno Bettencourt, radicado nos EUA, destacava-se na banda de Hard Rock Exteme.
No entanto a primeira banda a quebrar definitivamente a barreiras nacionais foram os Moonspell. Com duas maquetas lançadas nos primeiros anos da década de 90, lançam o mini-Cd "Under the Moonspell" pela pequena editora francesa Adipocere. Praticando na altura um Black Metal com influências da música e cultura portuguesa, chamam a atenção da independente Century Media. Acabam por assinar pela editora em 1995, mantendo-se no seu catálogo até aos dias de hoje.
A estreia pela editora germânica acontece com "Wolfheart" em 1995, sendo muito bem aceite por toda a Europa, de tal forma que na festa de lançamento de "Irreligious", no Convento do Beato em 1996, regista-se uma presença maior de jornalista estrangeiros em relação aos portugueses. Depois desses dois primeiros álbuns a banda já editou mais 5 álbuns de originais e um EP pela mesma editora, tornando-se numa das principais apostas da editora e uma das bandas europeias mais consistentes.
Nestes últimos 10 anos já fizeram várias tournés europeias e mundiais, apenas comparável a nível nacional com os Madredeus. Esta internacionalização dos Moonspell permite ás outras bandas nacionais ter uma perspectiva diferente do seu mercado ao mesmo tempo que abre as portas das nossas fronteiras a outras bandas. Pouco tempo depois de os Moonspell lançarem "Wolfheart" é a vez dos Heavenwood (ex-Disgorged) assinarem um contrato de dois álbuns pela Massacre Records, uma editora alemã em crescendo na altura. O primeiro álbum "Diva" vende cerca de 10 mil cópias no mercado europeu e a imprensa internacional parece aceitar bem esta estreia.
Após a primeira metade de 90 outras bandas se destacam como Decayed, Malevolence, Inhuman, In solitude, Fallen Seasons, Desire, The Temple, Morbid Death, Incógnita, entre outras.
O fenómeno das bandas estava agora espalhado por todo o Portugal continental e ilhas. Destas bandas umas terminaram ao fim do seu primeiro ou segundo álbum, outras continuaram pela década em diante, continuando algumas a sua actividade no século XXI
Para o final da década aparece uma nova vaga de bandas mais próximas do heavy metal tradicional que por esta altura regista um renascimento criativo e público na Europa. Nesta vaga destacam-se os barcelenses Oratory, Evidence, Forgotten Suns (numa vertente mais progressiva) e os açorianos Classic Rage.
Na área do Black Metal o destaque vai para os Sirius, mas o final prematuro da banda não permitiu o sucesso internacional que o seu álbum de estreia prometia.
Numa outra vertente, assiste-se à realização de espectáculos em espaços mais diversificados. Entre os vários locais destaque para o Hard Club, inaugurado em 2000, no cais de V.N. Gaia e o Paradise Garage em Lisboa que acabam por substituir o mítico Dramático de Cascais.
Com a entrada do novo milénio constata-se um extremar dos sons nacionais mais pesados. Os novos sons que vieram dos EUA e influenciaram a Europa acabaram por chegar também a Portugal reflectidos em bandas como Mofo, Clinger, Anger ou Mindlock. A par destas novas bandas, muitas da década anterior e algumas da década de 80 continuam no activo ou regressaram.
Por outro lado continuaram a ser editados todos os anos vários álbuns por editora pequenas ou por edições de autor mostrando uma crescente profissionalização deste meio apesar das dificuldades com que ainda se depara, mas dando garantias de que o futuro do Metal em Portugal não está em causa. E isto foi um pequeno apanhado das ultimas décadas face a evolução do metal.